terça-feira, 31 de março de 2020

O GENOCÍDIO DOS GERONTES

Os genes, a aleatoriedade da sorte, os hábitos, impedem muitos de chegarmos a velhos. 

Quando na primavera Marcelista se criaram a CGA e a SS, teve-se em conta a esperança de vida ao calcular-se a idade da reforma. Embora as regras fossem escrupulosamente cumpridas na hora de pagar, eram poucos os que tinham uma longa aposentação.

Depois com a maior conquista de Abril, o SNS, os velhos agarraram-se à vida como as moscas ao melaço e, tornaram-se malquistos por esta gente, que lucra em tudo e se revela pouco séria  no dia do pagamento. Com o avanço avassalador da informática e com a devassa inerente do mais intimo de cada um, as seguradoras, o SNS, certos poderes ocultos, tornaram-se omniscientes e omnipotentes, num mundo em que já nem Deus, o é.

No curto segmento que é a vida, há em cada momento a possibilidade de sermos emboscados pela morte, mas depois de escaparmos mil vezes ilesos, é miserável, de extrema iniquidade, que pereçamos, não às mãos da” senhora da foice e da gadanha”, mas que recebamos um convite ou um empurrão para a morte.

A aprovação da eutanásia, sem que haja cuidados paliativos, veio provar, a canalhice desta gente, corroborada por um parlamento vazio e pelos profissionais do SNS desprotegidos e, na frente da batalha. E, pela atitude da senhora Temido, nomeada ministra da saúde, sabe-se lá porque méritos ou por que razões, que respondeu à gerente do lar de Famalicão, desesperada, que os lares deviam ter um plano de contingência, isto perante uma catástrofe, em que esta gente da governação pouco mais fez, do que decretar o Estado de Emergência, e vir para a televisão a tentar ficar bem na fotografia, despudoradamente.

 Apregoam-nos a discriminação, como um crime, mas há muito que discriminam os velhos de uma forma intolerável, acusando-os de, por viverem, onerarem os mais novos e depauperarem a SS e a CGA ,sabendo todos  que estas estão exauridas, porque esta gentinha usou o dinheiro dos subscritores para outros fins, o que na minha opinião configura uma violação fraudulenta do contrato ,um roubo, e, se os mais novos têm empregos precários e mal pagos é porque a globalização lho impôs e lho vai continuar impor, quando dentro em pouco, só houver velhos, nos álbuns vendidas a esmo, na feira da ladra.

Vai haver um genocídio dos gerontes, não só e sobretudo, por estes serem mais frágeis, mas porque estão a ser deliberadamente empurrados para a morte, encerrados em casa onde se espera que morram discretamente, sem socorro, sem alarido e sem contar para as estatísticas ou encurralados, em lares e em enxovias,  onde  apesar da denúncia meritória de alguns, os apoios tardam, e vai haver uma autêntica razia, para bem da banca ,da SS, enfim dos do costume.

E, o extermínio dos velhos, não vai aliviar em nada os contribuintes, porque estes profissionais-marionetes já andam a arranjar-nos uma nova TROYCA e uma banca que vai fazer usura como é seu hábito milenar, acrescido, quando o Estado não se lhe impõe, antes lhe obedece. E aos jovens de sensibilidade embotada, que assistem à matança dos avós e dos pais, com a indiferença de quem assiste a um filme, em breve quando velhos, se ainda forem seres humanos, sentirão uma angústia e um remorso inexoráveis.,


Se isto é o admirável mundo novo, da globalização e da Europa fraterna, devo ser orate, porque me sinto na barca de Caronte desde que o senhor Silva e o senhor Durão  Barroso nos apascentaram, sem interrupção…até esta pandemia ou guerra biológica.


João Miguel Nunes ”Rocha”
(março 2020)